Crónica Nª 21
Novamente, a crónica no jornal O Autarca, da cidade da Beira, em Moçambique.
.
Crónica 21 – Omar Khayyam, um Poeta da Idade Média
O Autarca – Jornal Independente, Quarta-feira, 19/08/2015, Edição nº 2937 – Página 4/4
___________
As traduções que têm levado a interpretar a poesia de OMAR KHAYYAM como uma poesia de deboche, fazem-nos reflectir no respeito com que devemos considerar as diferenças culturais entre os diferentes povos.
***
OMAR KHAYYAM foi um matemático, astrónomo e poeta persa. Segundo a Enciclopédia Britânica, nasceu em 1048, e morreu em 1131.
Omar Khayyam estudou na sua cidade natal – Nishapur; e depois também em Samarcanda, notável cidade que na Idade Média foi importante ponto de encontro das rotas comerciais e das culturas da China e da Índia. Foi em Samarcanda que Khayyam escreveu o seu “Tratado sobre a Demonstração de Problemas de Álgebra” – e o prestígio daí decorrente foi tal que o sultão Malik-Sh?h, (reinando de 1072 a 1092), o convidou para reformular o calendário persa.
Durante a sua vida, Khayyam não divulgou os seus “robaiyat” (ou quadras; “quatrains” em inglês). Talvez o próprio Khayyam não lhes atribuísse grande importância… Esses “robaiyat” tornaram-se famosos no Ocidente, devido às traduções que a partir de 1859, deles foi fazendo Edward FitzGerald.
Os “robaiyat” de Omar Khayyam têm exercido grande fascínio sobre a imaginação europeia, porventura como fruto da “moda” cultural do “Orientalismo”, que na passagem do séc XIX ao XX interpretou superficialmente a cultura árabe, reduzindo-a em grande parte ao luxo de palácios e “haréns”. Aparentemente, os “robaiyat” cantam o fascínio do “vinho”, das “mulheres”, do “canto”, da ida à “taberna” – tudo como recusa do “mal de viver”…
Mas se dermos atenção ao testemunho de Nizami, outro grande poeta persa, “uma pessoa como Khayyam não diria palavras sem sentido”. Nizami dá-nos o testemunho da morte de Khayyam como um místico Sufi, em tranquilidade e santidade. Assim, as palavras atrás citadas seriam apenas recursos da linguagem poética dos místicos Sufis, usadas como ‘símbolos’ para exprimirem a “embriaguez do Amor divino”.
© Myriam Jubilot de Carvalho
Imagens:
Khayyam: Google Images
Quadrilátero de Khayyam:
http://www.britannica.com/biography/Omar-Khayyam-Persian-poet-and-astronomer
.
Publicado por
© Myriam Jubilot de Carvalho
Dia 31 de Agosto de 2015, pelas 21h
.
.