Dia da África
Passou hoje o Dia da África.
Por acaso, procurei agora à noite o canal TV5 Monde, e tive assim a oportunidade de ver um filme excelente alusivo a este tema.
Como ultimamente pouco tenho ligado o rádio, não sei que referências foram feitas a esta data. No entanto, ouvi uma entrevista na Antena 1 (salvo erro, Antena 1) que muito me desiludiu; mais valia não terem feito nada.
Deixo este poema como testemunho vivido de uma paisagem devastada pelo mau uso; mas também unindo a minha voz a todas as vozes que se erguem em nome do respeito pelo Outro, o ser anónimo, tão anónimo como nós, que se cruza connosco, os nossos irmãos e irmãs de todas as latitudes e culturas. E também respeito pela Natureza, pela conservação do Planeta. Mas acima de tudo, junto a minha voz a todas as vozes que se erguem na esperança de um futuro mais justo e solidário!
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Rios secos de África
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Os homens desviaram o curso do rio para
assim o tornarem útil . cavaram
regos imensos para
irrigarem as imensas herdades
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É esta a linguagem
e entendimento
dos homens .
O rio desapareceu
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Fiéis – no entanto – as árvores
presas da magia do seu traje verde e
da alegria breve das torrentes do verão
continuam a bordejar-lhe – mantendo-as vivas – as margens – esperando
que ele volte um dia para
as beijar
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No leito morto,
sementes caídas dos bicos dos pássaros ou das asas fecundantes do vento
germinam . lançam raízes . cientes
de alguma frescura esquiva –
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E erguem ao sol escaldante
as mínimas
precárias folhas .
como quem chega à estação
depois de o comboio passar
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Joanesburgo
Reserva de Mabula, Outubro de 1996
© Myriam Jubilot de Carvalho
Imagem:
Ver:
http://suyiantrust.wildlifedirect.org/author/anne-powys/
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Publicado por
© Myriam Jubilot de Carvalho
De 25 para 26 de Maio de 2015, pelas 2h 40m
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