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Há dias, pediram-me uma lista dos dez (10) livros que mais tivessem marcado a minha vida.
Ora, uma lista desse tipo é impossível de concretizar. Há livros que são importantes pelo desenvolvimento/demonstração do tema, outros pelo desenvolvimento das personagens, outros pela linguagem crua, ou pela linguagem poética… Outros porque nos apresentam temas ou acontecimentos que desconhecíamos, com o seu envolvimento histórico, com as personalidades que os viveram…
Os livros marcam-nos ou mais, ou menos, conforme a época em que são lidos, porque os relacionamos com estados emocionais que atravessamos, ou com situações da vida política do povo – do colectivo – a que pertencemos; uns marcam-nos porque espelham de perto as vicissitudes da vida e nos fazem reflectir, outros porque nos ajudam à evasão e nos proporcionam viagens por outras paragens e culturas…
Iniciei a minha lista pelo livro que li na minha pré-adolescência e que foi tão importante para a formação da minha personalidade – “A Pequena Princesa”. Foi com a Pequena Princesa que eu aprendi a salvaguardar a minha força interior, foi com ela que aprendi a centrar-me nos meus objectivos e a perseverar acima de tudo!
No entanto, poderia ter começado por um livrinho muito mais remoto na minha história pessoal! A história de “O Coelhinho Verde”, que li já no final da minha infância. Um livrinho que me deixou exuberante, pois foi o primeiro livro “grosso” que li de uma ponta à outra numa só tarde! Era na verdade um livrinho da espessura de um dedo. E sendo uma história que se contaria em dois tempos, usava um tipo de letra grada, em “negrito”, talvez tipo 16, de modo que esse truque o tornava tão volumoso!
O Coelhinho Verde era um príncipe encantado por um gigante muito mau. A noiva, uma infeliz princesa, não fazia senão chorar e lamentar-se. Mas uma avó e o seu netinho foram ter por acaso ao palácio do gigante, e a avó pediu asilo por uma noite. Que foi a noite da libertação, porque avó e neto congeminaram o modo de libertarem o infeliz e indefeso príncipe e destruírem o gigante mau! E o livrinho terminava com esta sentença, dita pela avó: -Quem não arrisca, não petisca!
A partir dessa altura ficou latente na minha mente que a vida é um risco, mas que é preciso usar a imaginação para vencer obstáculos, e sobretudo que vale a pena arriscar! Pode-se “perder”, mas também há grandes hipóteses de “ganhar”. Quando às vezes as Amigas ou Amigos me dizem que sou muito corajosa, eu recordo a sentença da avozinha da história que me ensinou que quem não arriscou não perdeu nada, mas também não se concedeu a hipótese de “ganhar” absolutamente nada.
A referida lista foi-me pedida com certa urgência, e não tive disponibilidade interior para raciocinar e ver como lá fazer figurar também este livrinho – uma vez que já não sei se corria anónimo ou não, ou se seria adaptação de algum conto tradicional… Neste momento, sou levada a pensar que a história seria inspirada nos elementos típicos dos contos tradicionais, embora não fosse um conto tradicional…
Então, aqui deixo a lista que elaborei, com dez livros que de algum modo foram importantes para mim. Mas como não esgotei o inventário, um dia qualquer liberto uns minutos e elaboro outra!
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A Pequena Princesa, de Frances Hodgson Burnett,
Os Maias, de Eça de Queirós,
O Esplendor de Portugal, de António Lobo Antunes,
Ana Karenina, de Tolstoi,
Almas Mortas, de Gogol,
O Deserto, de Le Clézio,
A Ilha do Santo, de Sum Marky,
As Noites das Mil e Uma Noites, de Naguib Mahfouz,
O Mesmo Mar, de Amos Oz,
O Coração é um Caçador Solitário, de Carson Mac Cullers.
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© Myriam Jubilot de Carvalho
Dia 5 de Fevereiro de 2014, pelas 14h
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